quinta-feira, 6 de agosto de 2009

A CRIANÇA ESTÁ CONSTRUINDO UM MUNDO NOVO



A criança não vai viver no mundo em que nós vivemos e, portanto, tem o direito de construir o mundo em que vai viver. Conversando com uma criança de dez anos sobre guerra nuclear, ela nos disse: “Eu acho que os adultos têm inveja porque eles vão morrer, e a gente, criança, é que vai ficar, e aí, eles querem destruir o mundo”. Talvez essa criança tenha uma profunda razão no que diz. Muitas vezes queremos impor formas de ser, que, no fundo, apenas revelam como somos frustrados por não termos feito diferente ou porque somos incompetentes para mudar. A velha frase de que a criança de hoje é o homem de amanhã não deveria ser esquecida.

Os adultos, de maneira geral e particularmente os professores, estão, frequentemente, dominados por seus valores, sua moral, seus medos e ambições e tentam, a todo custo, impô-los às crianças. Muitas vezes essa imposição é feita de maneira suave, fazendo uso de “chantagem afetiva”; os pais, particularmente, utilizam muito este método, ao passo que os professores tendem a repressão pura e simplesmente, dizendo o que é certo e o que é errado.

Sempre que uma criança colocar uma questão, seja de natureza científica, social, moral ou religiosa, é importantíssimo devolver a pergunta e pedir sua opinião, a de seus colegas, a de outros adultos, confrontar as respostas e discuti-las e depois dar a sua, apenas como uma idéia a mais para ele pensar...

Não devemos dar a crianças respostas prontas, restritas, com pré-conceitos ( deve, pode ,tem que, só assim...)não só porque atrapalhamos em sua busca intelectual, mas, principalmente, porque representamos um poder em que a criança acredita e confia, aniquilando seu poder de escolha. Quando passamos algo para as crianças que não foi construído por elas, estamos impossibilitando trocas mais justas entre adultos e crianças.

Sendo os adultos símbolos de poder para as crianças, a atitude sábia é de ser a de ajudar a criança na construção das regras, normas, valores, noção de justiça etc. Lembremos sempre que as regras sociais, os valores, a simbologia, a moral, a religião variam conforme o grupo social, conforme cada sociedade e, portanto, não são verdades absolutas, tudo depende de muitos fatores.

Quando emitimos nossa opinião devemos ter a honestidade de informar às crianças que outras pessoas pensam diferente, que existem várias opiniões sobre um mesmo tema; é o mínimo que os adultos podem fazer e, principalmente, os professores. Quando a questão for de natureza cientifica, propor a realização de pesquisas, se possível, de experimentação, confrontar as opiniões de diferentes crianças, pedir a elas que perguntem aos seus pais, tios, amigos, que tragam as respostas para serem discutidas.

Nenhum comentário:

Postar um comentário